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Mostrando postagens de julho, 2012

Incomunicáveis

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-Senhor Presidente, bom dia, desculpa minha afobação em lhe abordar tão cedo em sua sala. É que recebi uma notícia horrível para a nossa empresa. A Anatel anunciou a suspensão da venda de novas linhas telefônicas de três companhias de telefonia celular a partir da semana que vem. Proibiram a gente de vender em 19 estados do país além também de impedir a portabilidade. -Não é possível. Não acredito nisso. Teremos prejuízos enormes. Eles estão de brincadeira. Essa proibição não procede. Temos um ótimo sinal de cobertura, o melhor do Brasil. Ligue agora para os nossos advogados. Urgente! -Senhor, estou ligando pra eles já faz um tempo. Só que meu celular está sem nenhum sinal. Quando consigo um sinal, parece-me que os telefones deles é que estão fora de área...

Tatu, o Corinthiano!

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Antes de relembrar sua jornada neste mundo como um dos maiores e mais fanáticos corinthianos que já conheci, quero externar nessa crônica a importância do Tatu marido, pai, avô e o funcionário público que soube extrair da boemia um lugar raro, onde se podia desfrutar de momentos inesquecíveis. Foi ali na “Toca do Tatu” onde pude presenciar glórias infinitas do time do povo. Embates que culminaram em lágrimas e sorrisos. Um “templo alvinegro”. Da queda para a série B em 2007 ao titulo da Libertadores em 2012, jogo do timão era no bar do Tatu. Com seu jeito todo peculiar, muitas vezes temperamental, tatu era puro “corinthianísmo”. Incorporava esse sentimento de forma austera, mas com uma fidelidade incondicional. Um dia antes da final no dia 4 de julho, o vi ali na entrada de seu bar. Passei de ônibus e, numa troca de olhares instantânea, nos cumprimentamos serrando os punhos num silêncio que parecia dizer “vai curintia!” Exatamente quatro dias após a histórica conquista da América, m

Carta ao meu amigo sociólogo

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Você tem razão. Acho mesmo que amor não se mede. Vejo que o que acontece ao corinthiano em relação aos demais torcedores é um “conflito de sentimentos”. Parece que confundem “amor e paixão” com “fidelidade”. E isso vem mesmo desde aquela época escura onde o time do povo ficou sem vencer um campeonato por 23 anos. Foi ali que, devido à fidelidade, a torcida aumentou desvairadamente. A lendária "invasão" ao Maracanã em 1976 ilustrou isso e alavancou essa fidelidade, transformando o feito em uma data histórica. Isso propõe dois dilemas: é possível amar sem ser fiel? Há fidelidade sem amor? Acho que isso transcende esse conflito que eu enxergo e que muitas vezes soa mal interpretado por colegas corinthianos. Pra aumentar esse pejorativo de fidelidade, sempre acontece do Corinthians fazer gols espíritas, no crepúsculo de partidas, o que faz muito torcedor achar que algo “de outro mundo” acontece só com a gente. E se ele não ficasse ali, torcendo até o final, a bola em questão

Corre, corre...

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Depois de trabalhar a tarde toda, um desses agentes do correio voltava cansado pra casa e, por descuido, acabou por passar em frente a um bar onde fanáticos corinthianos já se embebedavam esperando aquela decisão memorável da noite. Nem por isso ele não se deteve ao fato de que seu uniforme "amarelo e azul" eram as cores do time do Boca Júniors, o que fez com que alguns dos que bebiam desferissem alguns palavrões pra ele. Na confusão, outros dois elementos do bando acabou por sair correndo atrás do nobre carteiro pra resolver aquela infâmia no braço. Ele só fez correr, pois não ia dar tempo de explicar que era um simples carteiro devidamente uniformizado indo descansar depois de um dia inteiro de labuta e nem que era também um corinthiano como os outros dali. Já não são mais somente os cães que fazem nossos carteiros correr hoje em dia por aí...

...Devolve meu São Jorge!

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Noite mal dormida, resolvi saltar para a realidade do dia quando nem eram seis horas da matina. Dentre tarefas matinais habituais impostas pelo acaso, já ia programando a libertação e seu roteiro pelos bares da província dentro da cabeça. Ganhando a rua, logo percebo que tudo em volta exala a decisão. Costumeiramente, desço a rua sagrada do velho cemitério e já vou logo evocando os saudosos “sofredores” dali. Enumero todos eles na mente pedindo proteção. Depois, entro no lugar eterno pra ter uma conversa com a saudosa corinthiana Dona Celeste Caetano. De longe já vejo suas irmãs solenemente vestidas para o jogo na noite... Entre olhares enevoados, nos abraçamos fazendo da certeza uma fonte inesgotável de energia que transpira confiança. Sinto Dona Celeste nos espiando, parecendo querer desafiar a matemática do tempo e estar ali fisicamente. A força do etéreo transcende. Depois, pelas ruas o assunto predomina. Todos falam do mesmo assunto. Em todos os cantos, olhares e vozes era n

Além muro

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Empolga a razão. Supre a realidade. Ilude a esperança de uma "acontecência" que não desata os nós pare materializar-se. Num júbilo desencontro, a energia transcende para além dos muros. Ainda posso ver-te a iluminar o irradiado dia. Te vejo na figura de um anjo de mármore que escurece silenciosamente pelo limo do tempo, apoiado na sombra irreal desta saudade costumeira, desentendida e amarga. É somente o alvo de um olhar que não mais encontro e perturba o meu índice de aceitação. Ainda bem que tua imagem ainda brota deste eu eloquente que tenta aprisionar o muito do pouco que restou...