Alguns logradouros de Aparecida.


O GPS, Sistema de Posicionamento Global, tem como uma das aplicações mais exploradas a utilização do sistema em automóveis. Ele vem incluso com mapas das cidades e locais em que o motorista estiver guiando, permitindo a ele traçar percursos e rotas com facilidade. Encontrar ruas ficou muito fácil com o tal do GPS, a bússola do futuro.
Quando eu ainda trabalhava no setor de ambulância no Pronto Socorro de Aparecida, pelos anos ali, pude decorar os bairros onde determinada rua ficava com muita facilidade. Mas o mais notável disso era poder direcionar o motorista do carro a um lugar onde ele desconhecia. Muitas vezes não adiantava dizer o nome do bairro. Era preciso explicar que a Rua Ana Rosa Penido, por exemplo, era a “Rua Nova”, perto do Seminário. Estes pontos de referência facilitavam quando a memória do amigo motorista falhava em relação à localização da rua.
E assim por muito tempo certas ruas da cidade foram recebendo denominações precisas para as pessoas mostrarem sua localização.
A lenda nos conta que o ex-prefeito de Aparecida, Alfredo Bourabebe, certa vez adentrou as alamedas silenciosas do cemitério Santa Rita acompanhado de um assessor e foi colhendo entre as lápides do lugar os nomes que comporiam as denominações das ruas do residencial Jardim Paraíba.
Com o tempo, se alguém pronunciasse o nome “Rua Santo Afonso”, poucos saberiam onde ficava. Mas se dissessem “Rua da Biquinha”, a maioria sabe exatamente onde é.
O Bairro de São Sebastião, por exemplo, por muito tempo foi o “Brejo Seco”, embora os moradores de lá não gostem muito dessa denominação. O “Bairro do Tigrão” parece que não quer deixar que o nome de “Bairro Perpétuo Socorro” prevaleça. O inverso disso aconteceu como o “Bairro do Machadinho” que perdeu espaço para o nome de Bairro de São Francisco.
Bairros como Ponte Alta, Aroeira e Itaguaçú permanecem há muitos anos sem mudar.
O interessante do Bairro do Itaguaçú são suas ruas todas que começam com “ita”, que é “pedra” em Tupi Guarani: Itabapoã, Itamaracá, Itajubá, Itaici e por aí afora. Isso porque a região do bairro é lugar de muitas pedras.
A Rua Antonio Miguel da Costa, no Bairro de Santa Rita tem hoje como “pseudônimo” “Rua do Pequeno Trabalhador”, pois é vizinha deste centro educacional mantido pelo Santuário Nacional: O antigo Colégio Padroeira. A Rua Valério Francisco é mais conhecida como “Rua da Estação”, pois fica paralela a Estação Ferroviária de Aparecida.
A Praça Dr. Benedito Meireles, grande vulto da medicina da época, é mais conhecida mesmo como “Praça de São Benedito”. Assim ficou a Praça Pe.Vitor Coelho de Almeida, mais conhecida como “Praça Kennedy”.
A Praça Nossa Senhora Aparecida também já se chamou “Praça Dr. Licurgo Santos”. Hoje a Rua Licurgo Santos é, como a Rua Valério Francisco, mais conhecida como “Rua da Estação”. A Rua 1º de Maio, antes se chamava “Rua do Pinhão”. A mesma há alguns anos foi dividida curiosamente: até o Viaduto chama-se Rua Dedé Moraes. Depois do Viaduto, Rua 1º de Maio.
Antiga também é a denominação da Rua Floriano Peixoto onde eu moro, desde sempre conhecida como “Rua do Cemitério”, pois tem em toda a sua extensão de um dos lados o muro do cemitério Santa Rita. Continuando por ela, vemos também que a Rua Pedro Lopes Figueira é mais conhecida como a “Rua do Sindicato” da antiga Fábrica de Papel NS. Aparecida.
Hoje a Rua Floriano Peixoto nem tem mais uma placa que a identifique. Isso remonta a verdade de que um dia talvez as autoridades possam mudar o nome dessa rua para “Rua Simão Miné”, Simão Marcelino de Oliveira, personagem que doou as terras que compuseram todo o Bairro de Santa Rita, inclusive o cemitério velho. Isso é uma lei (Lei Nº 2.454) sancionada pelo ex-prefeito de Aparecida José Benedito da Silva, o popular Dico, e de autoria do saudoso Vereador Oswaldo Elache de 10 de dezembro de 1992 que nunca foi cumprida. Diz o texto: “Fica denominada Rua Simão Marcelino de Oliveira (Simão Miné) a próxima via a ser aberta em nossa cidade a partir desta data em homenagem a essa saudosa figura”. Nem mesmo nosso amigo e ex-prefeito Raul Bento, bisneto de Simão Miné, ficou sabendo dessa lei engavetada.
“Rua do Mangueirão” é a Rua Vicente Pasin. “Vila dos Machados” é o final da Rua Santa Rita. Aliás, todo o Bairro de Santa Rita antigamente se chamava “Bairro dos Machados” devido a grande dinastia da Família Machado que lá residia. Era comum denominar a rua ou bairro segundo as famílias ou personagens importantes de determinado lugar. Um exemplo clássico além dos “Machados” e a Rua João Matuck que leva o nome devido ao ilustre morador dali.
A Rua Oliveira Braga também já foi “Rua Nova”, assim como a Rua Rosa Penido. “Rua da Apae”, é a Travessa José Amador, no Bairro de Santa Luzia, também denominada “Caminho do Santo Cruzeiro”.
Minha pouca idade interfere nas minhas lembranças, mas eu sei que antigamente as ruas atuais tinham outras denominações. Mas numa bela tarde deste outono, minha mãe me disse que alguém no portão de casa procurava pela Rua Benedito Miguel Chad. E como eu trabalhei no setor de ambulância, minha mãe de 75 anos achou que eu deveria saber. Sem mais delongas disse pra ela:
-Mãe, essa rua fica lá no “Alto da Candonga”...
Mamãe entendeu rapidamente e foi dizer no portão que a “tal rua” ficava lá no final da Rua Santa Rita.
Em Aparecida é assim: Para um bom entendedor, “um pingo é letra” e nem é preciso um GPS sofisticado...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O chifre

Os 90 anos do Cemitério Santa Rita em Aparecida

Americanização