A força do carnaval


O carnaval de Aparecida sempre sofreu restrições pelo fato da cidade ser considerada a “capital mariana da fé”. Mas isso não refutou a alegria em várias épocas da nossa história.
Na década de 70, o Bloco “Sai que é rolo, deita e rola” ilustrou uma página maravilh0sa do nosso carnaval e tinha como um dos principais personagens o saudoso ‘Brinjela”, que ia á frente do bloco animando os foliões. Dizem que era uma “bebedeira” sem igual...
Nesta ideia, foi construído um carro alegórico com o formato de um garrafão onde o amigo Tó Butignon havia criado uma parafernália que consistia numa mola, que girada por uma manivela, levantava uma passista do bloco pelo gargalo do garrafão. A passista em questão era a nossa querida Sarita da Floricultura, sobrinha da Tia Binda, uma das baluartes do carnaval aparecidense e também idealizadora do bloco Sai que é rolo, deita e rola, junto do Dinho Gordura, principal nome e criador do bloco.
A elevação da Sarita seria no apogeu da folia, quando o bloco adentrasse a Praça de São Benedito.
E tome cachaça...
Lá pelas tantas, quase no inicio do desfile do bloco, alguém um pouco mais lúcido, decidiu que seria necessário testar a parafernália do Tó para que nada desse errado na hora da apoteose. Foi então que tiraram a Sarita do garrafão e arrumaram uma pedra, ou paralelepípedo mais ou menos equivalente ao peso dela para testar a mola do carro alegórico. O carnavalesco Ângelo Reginaldo que fazia parte daquele grupo de foliões, diz que, ao girar a manivela, a mola escapou com força e mandaou a pedra longe e tão alta que até hoje ninguém a encontrou.
A bebedeira aumentou pelo alívio de ter evitado um acidente com a passista, recolocando a alegria em total sintonia com o momento.
Um cordão de isolamento separava a Rua Anchieta da entrada da Praça de São Benedito. E por ordem da polícia o Bloco Sai que é rolo, deita e rola, pelo simples fato de conter muitos elementos embriagados, tinha sido proibido de desfilar naquela noite. A polícia nunca vai entender mesmo essa essência carnavalesca.
A notícia caiu feito uma bomba. Mas alguém tratou de animar os componentes.
Outra pessoa foi responsável por contar a corda que formava o cordão de isolamento sem ser notado pelos membros da viatura. Aí foi difícil segurar a folia do bloco que teve uma entrada triunfal pela praça.
Era outra restrição sucumbindo ao espírito do carnaval na Terra da Padroeira do Brasil...

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