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Mostrando postagens de outubro, 2011

A voz

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Meu pai Joaquim Dias nunca votou no Lula. Por conta disso, teve duas decepções homéricas quando votou no Collor e no FHC. O primeiro por ter confiscado alguns trocados dele e todas as poupanças do país já no segundo dia de seu mandato, em 1990. O segundo por ter chamado “todos os aposentados de vagabundos”, num tempo em que meu pai acabara de se aposentar depois de muita luta, no ano de 1992. Ele sempre dizia que “se o Lula ganhasse, não assumiria”. Na verdade, ele tinha receio daquele Lula metalúrgico, de extrema esquerda. Radical da extensão suprema da palavra. Meu pai infelizmente não teve tempo de rever suas teorias políticas e acompanhar a evolução do metalúrgico à presidência da república. Mas eu me lembro bem de meu pai indo ver o comício do metalúrgico Lula quando este esteve em Aparecida em meados de 1982 quando fazia campanha para o governo do estado. Improvisou um caminhão em baixo da prefeitura, bem em frente ao atual velório de Aparecida. Já com meu pai falecido e por cont

O acesso 3.000

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Da primeira postagem deste blog até esta histórica publicação, uma imensidão de textos e artigos sofreram em silêncio particular uma angústia distinta e respeitável em meus dias: como escrever sobre tantos assuntos sem perder o foco da nossa memória? Isso em mim acabou se transformando numa obsessão que veio tomando forma em jornais que puderam desde 2004 publicar minha literatura. Acontecimentos surgem a cada instante. Memórias emergem de um passado glorioso aonde estórias e fatos pitorescos, personalidades e temas livres, poesias e revoltas vêm impor seus direitos de publicação nessa página virtual. Hoje, depois de 3000 acessos, cada postagem desta epopéia, comemora e coroa um esforço que mostrou arrojo em fazer valer a importância do nosso cotidiano. Cada uma delas eliminou o vazio que castrava o desenvolvimento e preservação da memória coletiva do lugar. Pra mim, será sempre inesquecível o instante em que vi publicado meu primeiro artigo em 2004, época em que eu não tinha nem compu

O líquido “santo”

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Domingo de muito movimento no Centro de Apoio ao Romeiro de Aparecida. Todas as lojas, restaurantes, bem como quiosques lotados de gente de quase todo o Brasil arrastados pela fé em Nossa Senhora. Gente rica e gente humilde que, muitas vezes, mal sabem se expressar. Ao se aproximar de um quiosque, uma senhora muito simples, pediu um cafezinho e um pão com manteiga e muito sem jeito, perguntou ao balconista “atarefado” onde ficava o túmulo do Santo Padre Vitor. Ele, distraído com o movimento de centenas de pessoas, apenas indicou com a mão direita o sentido para onde a velha senhora teria que ir para encontrar o túmulo questionado: -Fica pra lá senhora, naquela direção... E deu as costas para a romeira indo atender outro freguês. Em meio à multidão, a velha romeira foi abordada por um segurança do local, onde, desinformada e já de joelhos, estava querendo acender algumas velas em frente a um freezer da “Coca-Cola”, acreditando ser ali o túmulo do Padre milagreiro...

Intranquilo

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Barulho envolvido no ruído roendo o silêncio do ouvido.

Descompasso

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Toda luta da vida enfim acaba exaurida pelo luto no fim.

Blog “A Hora de Maria”

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No dia 12 de outubro último recebi um comentário neste blog parabenizando a crônica “A imagem da Imagem” postada em homenagem à Padroeira do Brasil. Crônica que relata uma das raras saídas da verdadeira imagem de Nossa Senhora Aparecida do seu nicho na Basílica Velha. Fato ocorrido na década de 60. O comentário foi enviado pelo amigo Rafael Farias, criador do blog “A hora de Maria”. O blog é um espaço totalmente dedicado a Nossa Senhora onde são postadas orações, práticas de devoção popular, títulos, glórias, histórias, graças, milagres, enfim, um espaço de devoção moderno e completo, com o intuito de oferecer aos leitores um material sadio e confiável sobre a Mãe de Deus e nossa, além de experiências de vida de Rafael. Lembro ainda que este espaço é particular e não tem qualquer ligação com grupos, associações, movimentos ou pastorais. A crônica “A imagem da Imagem” foi escolhida pelo Rafael para fazer parte de seu acervo literário que descreve a devoção á Nossa Senhora em todas as su

Os 90 anos do Cemitério Santa Rita em Aparecida

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Devido às condições topográficas de Aparecida, a cidade foi garganta de passagem obrigatória e uma verdadeira encruzilhada da cultura indígena. Um lugar muito apropriado para trânsito e fixação de várias tribos. Na década de 60, quando das escavações para se erguer a estação rodoviária de Aparecida, foram encontrados ali objetos arqueológicos de suma importância para o conhecimento das culturas indígenas que povoaram o Vale do Paraíba, dentre os quais crânios e urnas funerárias, levantando a tese de que o local foi uma espécie de cemitério há algumas centenas de anos atrás. Pelo que foi encontrado, uma certeza se tem: aqui também era solo sagrado para os indígenas, pois nele estavam seus antepassados enterrados. A palavra "cemitério", do latim tardio coemeterium, derivado do grego kimitírion, a partir do verbo kimáo, "pôr a jazer" ou "fazer deitar", foi dada pelos primeiros cristãos aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos. Na Europa o sepultamen

Suprema

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A alma é forte. Mesmo espremida entre a vida e a morte.

Transformações

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Por fim, a Celeluia, virou Cupim na mesa de Imbuia.

Vagarosamente

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letargia do tempo. Meu relógio andando lento...

Destemido

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Inseticida. O vôo incerto do inseto suicida.

Oferta

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Arranhado. Outro risco no disco barganhado.

Brisa

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O vento zuniu na janela apagando o pavio da vela.

Maria...

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Enxergar não era mais preciso. A realidade agora era aceitar sem contestação a partida. A ausência dessa mulher irá a partir de agora induzir nossa saudade a criar novos elementos, propondo algumas adaptações e modificações pelos dias enfim. No princípio, a representação da morte poderá acarretar certa revolta. Por perplexidade, se manifestará diante dessa natureza mistérios além de sua compreensão. Tinha um fascínio pela vida. Tanto, que além de ser presenteada com quinze filhos, perdurou 85 primaveras com fôlego e capacidade de ampliar os limites impostos pelas paredes do tempo. Depois, ainda foi agraciada pela alegria de ser uma das poucas “trisavós” com moldura contemporânea. Com seus silêncios e cabelos divinamente brancos, orações e sinais, olhos celestialmente azuis, foi protagonista do espaço que lhe coube, reelaborando diferentes maneiras de viver em comunidade. Numa espécie de advento, viajou o mundo. Correspondia assim uma forma distinta de enxergar novos horizontes. Pela fé

"A imagem da Imagem"

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Era uma tarde de pouco movimento na Praça Nossa Senhora Aparecida. Muitos retratistas já haviam guardado suas maquinas tripé e partiam agora para o boteco mais próximo. O fotógrafo João de Souza varria a entrada do Foto Kennedy, que ficava no saguão de entrada do antigo Hotel Vitória. Tinha ganhado uns trocados, pois minutos antes tinha partido dali do hotel uma pequena romaria rumo a Minas Gerais que puderam eternizar alguns postais e monóculos como lembrança. Tarde típica para se sentar na cadeira de balanço e tirar um cochilo forçado pela tranqüilidade da praça até então. Foi quando de repente entra no cine foto a figura emblemática do querido Padre Fré que trazia em mãos algo embrulhado por panos de tecidos finos, mais parecendo seda. Prontamente o fotógrafo João de Souza foi ver do que se tratava. Com extrema simplicidade e leveza, Padre Fré pediu licença e desenrolou aquele pano com muito cuidado em cima de uma mesa dizendo: “Seu João, preciso que o senhor fotografe isso pra mim.

A Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida

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Segundo o relato daquelas humildes pessoas, foram tantos peixes logo conseguido, depois de “aparecida” a imagem, que a canoa ficou cheia. Até ameaçava afundar. Alegraram-se muito com o ocorrido e foram levar o pescado à Câmara Municipal de Santo Antonio de Guaratinguetá, mas primeiro passaram pela casa de Felipe Pedroso e deixaram a preciosa encomenda confiada aos cuidados de Silvana da Rocha, mãe de João, esposa de Domingos e irmã de Felipe. Puseram-na dentro de um baú, enrolada em panos, separada uma parte da outra. A casa de Silvana foi o primeiro oratório que teve aquela imagem e ficou com ela cerca de nove anos, até 1726, data provável de seu falecimento. Assim tornou-se herdeiro da imagem seu irmão, Felipe Pedroso, o único sobrevivente da milagrosa pescaria. Sua casa foi o segundo oratório, por seis anos, perto da Ponte do Ribeirão do Sá (proximidade da atual Estação Ferroviária) e também o terceiro, por mais sete anos, na Ponte Alta, para onde se mudara. Em 1739, Felipe Pedroso

Mútuo

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Te olhando com desejo, nos teus olhos eu me vejo.

O Gênio

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“Três maçãs mudaram o mundo: A primeira seduziu Eva; A segunda caiu sobre Newton; E a terceira foi a Apple de Steve Jobs” Para muitos, não vai importar a influência que causou no mundo ou quanto dinheiro ganhou. Teve o mesmo final que qualquer ser humano vivo na face da Terra terá um dia. Isso nos faz refletir que muitas vezes damos excessiva atenção às coisas dessa vida, sem lembrar que um dia a vida termina e essas coisas ficam. “A morte é talvez a melhor invenção da vida. É o agente que faz a vida mudar”, dizia Jobs. Mas o mundo é o que é hoje graças a genialidade e visão de "futuro" de Steve Jobs. Morre o gênio que revolucionou sua época. E o mito que ele já era em vida, se transforma em ícone. Foi um visionário. Com Jobs, o mundo não andou nessas últimas 4 décadas, o mundo correu. Inovou e foi protagonista destacado da revolução digital de hoje, fazendo o mundo ficar mais próximo. Assim como disse Barack Obama: "Não haverá tributo maior ao sucesso de Steve, do que

As vertentes da publicação

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Em tempo pouco inspirado, qualquer bilhetinho que a gente escreve se torna uma relíquia. Traduz e liberta a literatura contida. Especifica e eterniza o momento. Tudo deve ser então devidamente guardado para que, posteriormente, possa ser publicado. Seja neste blog ou em qualquer outro meio comunicativo. Muitos acham que o auge literário de um escritor é a publicação de um livro. No meu caso foram editados apenas trinta exemplares da obra “Minúcias Poéticas”, o que de certa forma, acabou deixando o livro no patamar das obras em raridade. Mais um pouco, nem mesmo sobraria um exemplar pra mim. Mas a importância de cada palavra publicada, de cada crônica ou poesia, independe do meio onde foi inserida. Está impresso e pronto. Isso torna tudo em parcela importante na concepção de um histórico literário que possa permanecer. Há algumas semanas, a mãe do meu amigo Dito Maravilha, veio a falecer. Das lembranças que tinha dela pude compor um pequeno poema, também publicado neste blog, onde entre