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Mostrando postagens de junho, 2010

O óbvio da situação.

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Meu trabalho na recepção do Pronto Socorro da Santa Casa é bem simples: elaborar um prontuário das pessoas que vem se consultar. Ás vezes, pessoas chegam desacordadas e sem nenhum acompanhante, o que me obriga apenas a colocar o horário de entrada, a data e as vestimentas que possam identificar o paciente. Numa certa madrugada sou surpreendido pela porta automática do lugar que deu vazão à uma senhora que chorava copiosamente e de soluçar. Pela expressão de seu rosto parecia estar sentindo muita dor, o que me fez prontamente coloca-la pra dentro. Ao indaga-la perguntando seu nome, ela chorava ainda mais. Conseguiu dizer apenas que “seu marido estava vindo aí”. O senhor todo afoito, depois de estacionar seu carro longe da área de emergência, me disse suspirando fundo: “Ela caiu deitada dentro de casa quando se levantou para ir ao banheiro. Ela também já tem cadastro em seu computador amigo. O nome dela é Maria das Dores da Costa”. Numa troca de olhares rapidamente infalível, pareceu qu

Velho Casarão.

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...O céu foi escurecendo lentamente e guiando algumas nuvens escuras para um outro posto. Mesmo temendo uma suposta chuva, fui caminhando. No pensamento, lembranças agiam como fuga diante da fragmentada realidade. Eu procurava um lugar. Qualquer lugar entre o céu e a terra que pudesse eternizar idéias que vão sempre além da noite e rasgam a madrugada. Pequeno universo capaz de nos remeter ao centro de nós mesmos. Na Rua Anchieta, passei sem pressa pelas ruínas do velho Hotel Paraná, onde tijolos enormes agonizavam amontoados num canto de um tempo esquecido. Pareceu que alguns sonhos ainda perambulavam por ali, libertando o imaginário. Mas era um lugar de nunca mais. Logo ganhei a praça. É onde o contemporâneo tenta reorganizar o encontro e iluminar o histórico, alinhavando isso ao sublime. Restos de algumas arquiteturas geram beleza ao meus olhos. Vejo o grupo escolar decolar rumo ao infinito guardando relíquias do lugar. Tomando a Rua Barão do Rio Branco, percebi de longe um vazio. Fo

A força do imaginário.

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Foram laudas psicografadas que levaram o meu “eu” cético a desconfiar que, por de trás de muitas coincidências, havia sim algo muito forte naquelas palavras escritas a lápis que sem nenhum motivo iam descortinando passos do meu saudoso pai no dia em que ele se foi deste mundo. Coisas que alguém distante e desconhecido seria incapaz de saber sobre aquele distante dia 20 de maio de 1999. A curiosodade em conhecer mais sobre o Kardecismo ficou então aguçada depois disso. Livros de Zíbia Gaspareto, sites na internet. Tudo que correspondia ao espiritismo era sorvido pela minha atenção de forma voraz. Comecei a entender que não somente um diamante dura para sempre. O poder da alma, sua sobrevivência pelo tempo, é infinita. Os corredores escuros da Santa Casa de Aparecida onde eu trabalho causa na maioria das pessoas um poder imaginário sem proporções. Sempre tem alguém com medo de transitar sozinho pelos corredores e sem querer, encontrar algum vulto rebelando-se contra uma luz qualquer e su