Despercebido.

Há algum tempo, já estava paquerando a garota que ele sempre encontrava quando estava indo para o trabalho.
Ela, desfilando linda pela manhã, nunca havia notado a presença do “observador” que no decorrer daquela angústia já havia ensaiado uma série de “bom dia”, mas que nunca foi ouvido por causa da timidez.
Numa bela manhã, encorajado, resolveu ir além e arriscar uma cantada ensaiada a noite toda. Mas meio atrasado para a labuta diária, teve que sair ás pressas ou então perderia o ônibus.
No ponto final da Santa Rita, ele vê sua deusa se aproximando. Parecia que o destino tinha feito com que ela se atrasasse também.
O coração então começou a disparar em milhões de pulsações quando ela, linda, atravessou a rua e veio em sua direção. Sua boca secou, suas pernas tremiam. Tirando forças de não sei onde, ele arriscou um bom dia que saiu rouco. Ela apenas olhou em sua direção e com a mão direita se benzeu, seguindo seu caminho. Aquilo pra ele foi o fim. Ele entrou no ônibus sem entender direito o “porquê” sua deusa de toda manhã quis exorcizar um amor que nem ao menos ela foi capaz de perceber.
No decorrer do dia, em frente ao portão do cemitério, muitas outras pessoas se benzeram, como era de costume da deusa também...

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